quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O voto é a principal arma dos evangélicos?

As armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus (2 Co 10.4)





Na minha adolescência, eu priorizava coisas efêmeras. Torcedor fanático do Palmeiras — torcedor mesmo, daquele tipo que ficava uma semana triste, cabisbaixo, caso o time do coração perdesse —, lembro-me de uma vitória épica do Alviverde Imponente sobre o seu arquirrival. Joguei o rádio de pilha longe e saí pulando pelo quintal... Acabei enroscando o pescoço em um varal onde minha mãe estendera roupa e quase morri...

Se eu ainda fosse fanático pelo verde-que-te-quero-verde, meu voto, sem dúvidas, seria do candidato palmeirense José Serra ou da candidata do Partido Verde Marina Silva. Eu jamais votaria em uma candidata apoiada pelo corintiano roxo Luiz Inácio Lula da Silva, que inclusive está apoiando a abertura da Copa de 2014 no novo estádio do seu time de coração, em São Paulo. Mas, hoje, penso de modo diferente, e a preferência clubística — que palavra horrível (!), porém muito usada pelos cronistas esportivos — me é irrelevante.

Por outro lado, minha esposa é funcionária pública, e o governo Lula tem sido generoso com os servidores. Caso eu pensasse de modo egoísta, sem dúvidas a minha candidata seria a senhora Dilma. Entretanto, como se sabe, os evangélicos estão unidos (?) para impedir que o dilmismo (ou o rousseffilismo) vença, principalmente em razão do seu liberalismo, uma das marcas do petismo e do lulismo.

Usando a linguagem futebolística, para os evangélicos a liberal Dilma Rousseff está “na marca do pênalti”, o sem graça José Serra está sendo “jogado para escanteio”, e a carismática — mas evangélica — Marina Silva “está subindo na tabela”, posto que sabe “fazer um bom meio de campo”. Ao que me parece, o marinismo (e não o pevismo) é mesmo o partido mais equilibrado, a despeito de ser também o que gera mais dúvidas, por causa da inexperiência.

Será que a pevista Marina Silva conseguirá fazer um bom governo estando em um partido de tão pouca representatividade? Estaria ela preparada para governar o Brasil? Daria ela continuidade aos bons projetos em andamento? Conseguiria ela montar uma boa equipe ministerial? Pelo que tudo indica, o dilmismo petista vencerá (não sei se em primeiro turno), seguido do serrismo peessedebista. Quanto ao marinismo, será bem votado, sobretudo pelos evangélicos.

NÃO VOTAREI EM DILMA ROUSSEFF.

NUNCA VOTEI NO PT, a despeito de reconhecer que o lulismo tem contribuído para o progresso do Brasil em algumas áreas. Considero a irmã Marina Silva uma pessoa íntegra, exemplar, bem intencionada, com um bom passado, etc. Mas não sou adepto do movimento “cristão vota em cristão”. Penso que precisamos escolher pessoas realmente habilitadas, capacitadas, para a função que desejam exercer. Nesse caso, estou mais propenso a votar no palmeirense...

Mas, será que a igreja deve mesmo se preocupar prioritariamente com o voto? Seria a eleição de um candidato mais decisiva do que a influência que a igreja pode exercer no mundo através da oração, da evangelização e do exemplo de uma vida santa? Sinceramente, estou incomodado ao ver inúmeros líderes evangélicos mais confiantes no voto do que nas verdadeiras armas à disposição da igreja.

É claro que, com o voto, podemos eleger pessoas do bem, compromissadas com a moralidade, a ética, a justiça, etc. Mas, o que a igreja tem de melhor para mudar o Brasil é o voto? Não! As nossas armas são a intercessão, a evangelização e o exemplo de uma vida santa.

Que tipo de exemplo têm dado os líderes evangélicos que acusam Dilma, Lula e o PT? Tem sido a igreja evangélica brasileira um referencial ético, moral e social? O Senhor Jesus disse que o seu Reino não é deste mundo (Jo 18.36). Como cidadãos, devemos votar. Mas a militância política não é a nossa tarefa prioritária.

Se todos os evangélicos votarem contra o PT, é possível que Dilma venha a perder a eleição presidencial. Por outro lado, se ela ganhar, mesmo com a oposição dos evangélicos, a situação poderá ficar pior para a igreja. Por quê? Porque teremos no governo brasileiro uma fera ferida.

Considero louváveis, até certo ponto, os movimentos para induzir os crentes a não votarem em candidatos contrários aos princípios bíblicos e favoráveis à imoralidade. Mas eu gostaria de ver líderes evangélicos estimulando o povo de Deus a orar mais pelas autoridades constituídas, obedecendo ao que está escrito em 1 Timóteo 2.1-3. Queria ver, também, líderes pregando o verdadeiro Evangelho, que confronta o pecado (aborto, homossexualismo, imoralidade, etc.), em vez de promoverem shows, que apenas agradam as multidões incautas.

Penso que a criticidade ácida contra o PT está sendo levada ao extremo por alguns líderes evangélicos, em detrimento da oração, da evangelização e do exemplo. Creio que é melhor orar mais, evangelizar mais, influenciar mais. E acusar menos. Não vejo no Novo Testamento uma igreja politizada. Vejo, antes, uma igreja cujos líderes afirmavam: “nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6.4).

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

Fonte: www.cpadnews.com.br

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